Fala-se tanto em diálogo, em problemas de comunicação, como se dialogar fosse apenas falar o que se pensa para o outro, fosse apenas conseguir expor suas razões ou externalizar opiniões numa fala entre pessoas.
Dialogar, às vezes, mais parece um duelo de opiniões expostas mutuamemte, num desejo de poder pelo predomínio da razão e da posse da verdade absoluta, individual e única.
O silêncio inerente ao ouvir é sábio, nestes momentos.
Só o silêncio me permite sentir o outro e entender um pouco do que ele pensa e percebe.
Se em qualquer relação, ouvir o outro é importante, numa relação onde a missão de educar e repassar valores são componentes fundamentais, o ouvir é condição básica para que um canal se faça e permita a construção de uma ponte eficaz para essa transmissão.
Ouvir não deve ser confundido com passividade, nem visto como um recurso estratégico para poder realizar argumentações de caráter defensivo que só visam uma posse de poder no contato que está sendo desenvolvido.
Ouvir, em função de um diálogo real, é resultado de uma opção consciente por parte de quem deseja compreender o que se passa com o outro, de modo solidário e sem preconceitos, visando uma resolução madura de conflitos ou um entendimento mais autêntico da situação.
Ouvir para dialogar é uma tarefa difícil, pois envolve humildade em reconhecer as próprias falhas, em admitir a racionalidade de fundamentos que não são nossos, em estar aberto a aprender quando queríamos ensinar.
Fonte: Elisabeth Salgado
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